Lula critica sanções dos EUA e defende soberania do Brasil

No contexto de crescentes tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, o presidente Lula publicou, neste domingo, 14, um artigo no jornal norte-americano The New York Times, no qual manda mensagem direta a Donald Trump. Segundo o petista, seu intuito é promover um diálogo “aberto e franco”.

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A manifestação de Lula ocorre depois de declarações da porta-voz da Casa Branca, que ameaçou o Brasil com possíveis represálias, que envolvem força “econômica e militar”, em defesa da “liberdade de expressão”. O presidente brasileiro ressaltou no título do artigo que “democracia e soberania brasileiras são inegociáveis”.

Lula menciona STF e reage às sanções dos EUA

Fachada do Supremo Tribunal Federal (STF)
Fachada do Supremo Tribunal Federal, em Brasília | Foto: Divulgação/STF

Lula também destacou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele classificou a decisão como “histórica”. Além disso, o petista ressaltou que os ministros da Suprema Corte garantiram a integridade das instituições e do devido processo democrático.

“O julgamento foi o resultado de procedimentos conduzidos em acordo com a Constituição brasileira de 1988, promulgada depois de duas décadas de luta contra a ditadura militar”, afirmou Lula, em referência à investigação da Polícia Federal, no The New York Times.

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No artigo, Lula criticou as sanções dos Estados Unidos ao Brasil e afirmou que elas são tentativas de interferência política no sistema judiciário brasileiro. “A falta de racionalidade econômica por trás dessas medidas deixa claro que a motivação da Casa Branca é política”, disse Lula.

O presidente também condenou o aumento de tarifas de Washington, medida que classificou como “ilógica” e “equivocada”, pois os Estados Unidos mantêm superávit na balança comercial com o Brasil. Lula avaliou que penalidades unilaterais impostas pelos EUA a outros países não são solução para os desafios enfrentados pela economia americana. “O multilateralismo oferece soluções mais justas e balanceadas”, escreveu.

Tarifas, tecnologia e defesa do Pix

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva coordena reunião ministerial, no Palácio do Planalto, em Brasília, DF (26/8/2025) | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Sob o argumento de defender o Brasil, Lula rebateu acusações do governo Trump de que empresas de tecnologia norte-americanas estariam sendo perseguidas ou censuradas. “Todas as plataformas digitais, tanto domésticas como estrangeiras, estão submetidas às mesmas leis no Brasil”, explicou.

Ele ainda criticou a associação entre regulação e censura: “É desonesto chamar regulação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção das nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio”, escreveu Lula. “A internet não pode ser uma terra sem lei, onde pedófilos e abusadores têm discurso livre para pregar às nossas crianças e adolescentes.”

Leia também: “Os americanos de olho na Inquisição Brasileira”, artigo de Ana Paula Henkel publicado na Edição 286 da Revista Oeste

O petista ainda rebateu as alegações dos Estados Unidos sobre práticas comerciais injustas em serviços de pagamento, como o Pix. Ele afirmou que a ferramenta ampliou o acesso financeiro no Brasil.

“Nós não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro, que facilita transações e estimula a economia”, escreveu Lula. “Presidente Trump, nós permanecemos abertos para negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos.”

Diálogo diplomático e encerramento

O governo brasileiro ainda não obteve sucesso em realizar uma reunião formal com representantes norte-americanos para debater a tarifa de 50% imposta a produtos do Brasil. A Casa Branca evita interlocutores indicados por Lula, mas mantém conversas com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e com Paulo Figueiredo, para buscar estratégias de pressão relacionadas ao julgamento de Bolsonaro.

Ao encerrar o artigo, Lula reiterou a importância de uma relação baseada no respeito mútuo entre Brasil e Estados Unidos, a qual considera essencial para o bem-estar das duas populações.

Fonte: Revista Oeste

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