Brasília e Nova York – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou dos Estados Unidos com a previsão de encontro com Donald Trump, depois de ambos relataram uma “química” durante breve contato na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira (23/9). O encontro entre os dois líderes mundiais teria sido sugerido pelo republicano, mas o petista ainda analisa como será o contato entre os dois.
Na quarta, ainda nos EUA, Lula disse que está disposto a conversar com Trump da maneira que for necessário, inclusive presencialmente. Ou seja, o presidente brasileiro está disposto a aproveitar a porta aberta pelo norte-americano.
Em conversa com a imprensa, o titular do Palácio do Planalto relembrou, em diferentes momentos, que Donald Trump disse em seu discurso que haveria uma “química” entre os dois.
“Acho que relação humana é 80% química, 20% emoção. É muito importante essa relação, torço para que dê certo. O Brasil e os Estados Unidos são duas maiores democracias do continente, temos muitos interesses comerciais, industriais, tecnológicos e científicos”, disse o petista.
O presidente brasileiro reforçou que não há “veto” de temas na conversa entre os dois. Apesar disso, Lula pontuou que Donald Trump está “mal informado” da situação entre as duas nações.
“Eu tenho muitas coisas para conversar, e eu acho que, entre dois chefes de Estado, entre dois países importantes como Brasil e Estados Unidos, é preciso conversar com base em dados verdadeiros, em coisas verdadeiras. E eu acho que ele tá mal informado com relação ao Brasil, e possivelmente isso tenha levado a ele a tomar algumas decisões que não são aceitáveis”, completou Lula.
Guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos
- Em abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma alíquota padrão de 10% para os produtos importados da América Latina. Já em julho, o titular da Casa Branca informou a elevação do percentual para 50%, apenas para os itens brasileiros.
- Por causa disso, o presidente Lula anunciou que o Brasil vai reagir à sobretaxa de 50% de Trump usando a Lei da Reciprocidade Econômica. EUA justificam a taxação como resposta a suposta perseguição a Jair Bolsonaro
- Em 2024, os EUA foram o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com exportações na casa dos US$ 40,3 bilhões e as importações por volta de US$ 40,6 bilhões
- Para socorrer os setores afetados pela nova tarifa, o governo federal lançou o Plano Brasil Soberano,, com três eixos: setor produtivo, proteção ao trabalho e diplomacia comercial.
- O plano prevê R$ 30 bilhões em linhas de crédito do Fundo Garantidor de Exportações, priorizando pequenas e médias empresas dependentes do mercado americano, condicionadas à manutenção de empregos.
Lula na ONU
Tradicionalmente, o Brasil é responsável pelo discurso de abertura da Assembleia Geral. Na ocasião, o presidente Lula voltou a defender a soberania brasileira e a importância do multilateralismo, visto as investidas de Donald Trump.
O presidente norte-americano aplicou uma taxa de 50% contra alguns produtos brasileiros em decorrência do que ele chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo de ações no Judiciário.
Durante discurso na ONU, Trump alegou que a alíquota foi aplicada para equilibrar as relações comerciais entre os dois país. O republicano ainda indicou que o Brasil precisa dos Estados Unidos.
Segundo dados do governo norte-americano, o superávit comercial dos EUA com o Brasil em 2024 foi da ordem de US$ 7 bilhões, somente em bens. Somados bens e serviços, o superávit chegou a US$ 28,6 bilhões no ano passado. Trata-se do terceiro maior superávit comercial daquele país em todo o mundo.
Apesar das críticas, Donald Trump informou que convidou Lula para um encontro na próxima semana. É esperado que a conversa entre os dois presidentes aconteça por telefone ou por videochamada, os detalhes ainda estão sendo definidos.
Ainda nos Estados Unidos, o petista ainda participou da segunda edição do evento “Em Defesa da Democracia” e teve encontros bilaterais, entre eles, com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Fonte: Metrópoles
+ There are no comments
Add yours