Exército tem contrato com fintech suspeita de ligação com o PCC

O Exército tem um contrato com a fintech Instituição de Pagamento S. A., conhecida como BK Bank, suspeita de atuar como banco paralelo do Primeiro Comando da Capital (PCC). Firmado em 4 de agosto, o acordo custou R$ 18 mil e tem vigência de um ano. O serviço fornece máquinas de cartão à Biblioteca do Exército.

Em 28 de agosto, poucas semanas depois da assinatura do contrato, a BK Bank passou a ser alvo das operações realizadas pela Polícia Federal e Ministério Público para desarticular a atuação do PCC no sistema financeiro e no setor de combustíveis. Diante disso, o Exército avalia romper o acordo.

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De acordo com nota divulgada, o Exército instaurou processo administrativo para apurar o caso, depois de ser notificado sobre as operações policiais e também comunicado pela própria BK Bank sobre o bloqueio das contas e a impossibilidade de cumprir o contrato.

A contratação inicialmente seria feita por pregão eletrônico, mas passou a ser realizada por dispensa eletrônica, conforme orientação da Consultoria-Geral da União, devido ao baixo valor. O Exército informou que a BK Bank apresentou toda a documentação exigida e ofereceu a proposta mais vantajosa entre as opções analisadas.

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Em nota ao jornal Folha de S.Paulo nesta quinta-feira, 28, a BK Bank, por meio do escritório Fernando José da Costa Advogados, diz ter sido surpreendida com a inclusão nas operações e afirmou colaborar integralmente com as autoridades. A empresa afirma ser “devidamente autorizada, regulada e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil” e conduzir “todas as suas atividades com total transparência, observando rigorosos padrões de compliance”.

Auto Posto Bixiga Ltda., um dos investigados na operação contra o PCC
Auto Posto Bixiga Ltda., um dos investigados na operação contra o PCC | Foto: Reprodução/Google Maps

Fintech suspeita de ligação com o PCC diz colaborar com investigações

Levantamento da revista Piauí aponta que, desde 2019, a fintech firmou ao menos 82 contratos com órgãos públicos, que somam R$ 555 milhões. Entre eles, o contrato de R$ 56,8 milhões com os Correios foi suspenso, enquanto o Serpro anunciou rescisão do acordo de R$ 271,9 mil. Há ainda contratos ativos com a Câmara dos Deputados e o Senado.

Segundo informações da Receita Federal, a BK Bank teria movimentado cerca de R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024 em operações consideradas impossíveis de rastrear, atuando como “banco paralelo” ao serviço do PCC. Parte dessas transações envolvia valores provenientes da venda irregular de metanol, que eram inseridos no sistema financeiro por meio das chamadas “contas-bolsa”, dificultando o rastreamento das origens.

A sede da fintech, localizada em Barueri (SP), é apontada em investigações como centro das operações para ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro ligados ao desvio e adulteração de combustíveis. Documentos judiciais e fontes próximas à apuração indicam que a BK Bank fornecia estrutura para que empresas de fachada ligadas a grupos criminosos movimentassem recursos de maneira opaca.

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Fonte: Revista Oeste

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