Autoridades identificaram que Gustavo Marques Gaspar, empresário próximo ao senador Weverton (PDT-MA), concedeu amplos poderes ao consultor Rubens Oliveira Costa. Segundo a Polícia Federal, Rubens é apontado como o principal responsável pelo transporte de recursos ilícitos no esquema investigado como “Farra do INSS”.
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O documento, uma procuração registrada no Cartório JK, em Brasília, em 12 de março deste ano, autorizou Rubens Oliveira a movimentar e sacar valores das contas da GM Gestão Ltda, empresa de Gustavo Gaspar. A medida ocorreu pouco antes da deflagração da Operação Sem Desconto pela Polícia Federal, operação que apura fraudes bilionárias contra aposentados e já chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), por causa do envolvimento de políticos com foro privilegiado.
O papel de Rubens Oliveira no esquema do INSS
Rubens Oliveira, de acordo com o inquérito policial, é classificado como “facilitador” e “intermediário” do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS. A investigação aponta Rubens como responsável por movimentar grandes somas e realizar saques expressivos em espécie, chegando a R$ 949 mil, além de atuar na lavagem de dinheiro para ocultar recursos irregulares.
Gustavo Gaspar, considerado braço-direito do senador Weverton, atuou como assessor no gabinete do parlamentar entre 2019 e 2023, recebendo salário de R$ 17,2 mil. A exoneração só ocorreu depois de denúncias de que ele seria funcionário fantasma, conforme reportou O Estado de S. Paulo. Já Rubens Oliveira nega ter envolvimento com o recebimento ou pagamento de propina e afirma que manteve apenas relações profissionais com Gaspar, sem conhecer o senador.
A procuração permite que Rubens Oliveira represente a GM Gestão Ltda em qualquer instituição bancária, podendo abrir e encerrar contas, realizar movimentações financeiras, assinar cheques e também atuar em nome de Gustavo Gaspar perante órgãos públicos, privados e até firmar contratos.
Envolvimento de políticos e novas investigações
O senador Weverton (PDT-MA) admitiu que recebeu o Careca do INSS em seu gabinete, alegando que o encontro tratou de temas ligados ao mercado de cannabis. O lobista Antonio Antunes é dono da empresa World Cann, do setor. Depois de solicitação da imprensa, o Senado Federal restringiu o acesso aos registros de entrada do lobista na Casa.
Weverton também foi responsável pela indicação de André Fidelis ao cargo de diretor de benefícios do INSS, conforme confirmou o ex-ministro Carlos Lupi (PDT) à CPMI do INSS. André Fidelis, por sua vez, assinou convênios que resultaram em descontos de ao menos R$ 142 milhões em 2024 e é investigado por suspeita de ter recebido R$ 1,4 milhão em propina de Antonio Antunes.
Rubens Oliveira, segundo a Polícia Federal, movimentou valores incompatíveis com sua renda declarada, que era de R$ 586. mil, superando em dez vezes esse montante. Ele também atuou como procurador da ACCA Consultoria Empresarial Ltda, empresa do Careca do INSS, e participou de operações financeiras consideradas suspeitas por envolver empresas apontadas como “canalizadoras de fundos” no esquema de fraudes.
Relatórios da PF indicam que pessoas e empresas associadas ao grupo movimentaram R$ 4,9 milhões oriundos de entidades ligadas ao INSS, sendo Rubens o responsável por enviar os recursos aos beneficiários depois dos saques. Três ex-dirigentes do INSS também são investigados como possíveis destinatários de pagamentos do lobista.
Defesa e silêncio dos citados
Por meio de nota, a defesa de Rubens Oliveira declarou que ele nunca participou de “qualquer movimento ou pagamento de propina”.
“O Senhor Rubens nunca participou de qualquer movimento ou pagamento de propina, seja em benefício do Senhor Antônio Carlos Camilo Antunes (“Careca do INSS”), seja em benefício do Senhor Gustavo Marques Gaspar. Ressalta-se que o Senhor Rubens jamais conheceu, nem sequer tinha ciência da existência do Senador Weverton Rocha, desconhecendo, por completo, qualquer relação entre o parlamentar e empresas nas quais tenha prestado serviços”, diz a nota. “Cumpre esclarecer, ainda, que, antes mesmo do início das operações policiais e inquéritos envolvendo seu nome, o Senhor Rubens já havia se desligado integralmente de todas as empresas vinculadas ao Senhor Antônio Carlos Camilo Antunes.”
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Fonte: Revista Oeste
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