Semanas antes de o presidente dos EUA, Donald Trump, mostrar intenção para negociar com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o republicano conversou com o empresário Joesley Batista, dono da JBS.
Segundo apuração do jornal Folha de S.Paulo, a reunião ocorreu há cerca de três semanas, na Casa Branca. Joesley levou à mesa dois temas centrais para os negócios da companhia: a tarifa de 50% que encarece a carne bovina brasileira nos EUA e o mercado de celulose, também estratégico para as exportações do país.
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O empresário sugeriu que os atritos comerciais poderiam ser resolvidos por meio de diálogo político direto entre os governos, argumento que se somou à mobilização de outros pesos pesados do setor privado brasileiro em Washington.
Empresários pavimentam aproximação
A agenda de Joesley não foi isolada. De acordo com a Folha, executivos de grandes grupos, como Embraer e a própria JBS, atuaram para reforçar dentro da gestão Trump a ala que advogava por uma relação centrada em comércio exterior, deixando em segundo plano temas políticos.
Esse movimento abriu espaço para que o republicano usasse a Assembleia Geral da ONU como palco para sinalizar disposição em negociar com Lula, especialmente sobre o tarifaço da carne.
A relação da família Batista com Trump, aliás, vem de longa data. Em 2017, a Pilgrim’s Pride — braço da JBS nos EUA e uma das maiores produtoras de frango do país — desembolsou US$ 5 milhões para a cerimônia de posse do republicano, a maior doação empresarial registrada à época.
Carne sob pressão, celulose em alívio
Enquanto a carne bovina segue penalizada com a taxa de 50%, há expectativa de que o produto possa entrar na lista de exceções discutida pelo governo norte-americano. Já no caso da celulose, houve avanço: em 5 de setembro, Trump assinou uma ordem executiva que eliminou a tarifa de 10% sobre o insumo, beneficiando diretamente exportadores brasileiros. No ano passado, os EUA compraram quase 3 milhões de toneladas, cerca de 15% de todas as vendas externas do setor.
Brasília e o lobby em Washington
Interlocutores descrevem Joesley como o brasileiro com acesso mais direto a Trump, mas o empresário não esteve sozinho na ofensiva.
Na semana de 11 de setembro, Joesley integrou uma comitiva de empresários que circulou por Washington. O grupo reuniu nomes como João Camargo, da Esfera Brasil, e Carlos Sanchez, da EMS. Eles se encontraram com a deputada republicana Maria Elvira Salazar, aliada próxima do secretário de Estado do EUA, Marco Rubio, além de Susie Wiles, chefe de gabinete e uma das principais estrategistas de Trump.
Poucos dias antes, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) também já havia enviado representantes à capital norte-americana, com reuniões no Departamento de Comércio, no USTR e no Departamento de Estado, apoiados por escritórios de lobby com trânsito na administração republicana.
Fonte: Revista Oeste
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