O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já projeta que a decisão em relação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), vai provocar uma nova rodada de sanções por parte dos Estados Unidos (EUA).
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O julgamento começa na próxima terça-feira, 2. A Primeira Turma do STF analisará o núcleo central de acusados de suposta tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
Bolsonaro é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de ser o “principal articulador, maior beneficiário e autor” de supostas ações que buscariam mantê-lo no poder depois da derrota nas eleições de 2022.
Fontes da administração Trump relataram ao UOL que acompanharão “de perto” o desenrolar das audiências, um acompanhamento raro para julgamentos do STF, tradicionalmente pouco observados pelo governo americano.
Além disso, há em análise em Washington uma série de medidas que poderiam ser acionadas imediatamente pelo presidente Donald Trump, Entre elas estão sanções financeiras a integrantes do STF, novas restrições de vistos e ajustes na lista de produtos brasileiros afetados pelo tarifaço de 50% em vigor desde 6 de agosto.
Em 30 de julho, o governo norte-americano impôs sanções ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, com base na Lei Magnitsky, que passou a impedir o acesso dele a alguns serviços financeiros e de tecnologia.
O exato conteúdo dessas possíveis novas medidas, segundo interlocutores norte-americanos, dependerá exclusivamente da decisão de Trump.
Há algumas semanas, o presidente dos EUA afirmou em carta sobre o tarifaço (imposto no início de agosto, com exceção de 700 produtos) que o julgamento de Bolsonaro era uma das motivações, ao descrever o processo como “caça às bruxas” e exigir sua interrupção “imediatamente”.
Em evento recente na Casa Branca, Trump reforçou que Bolsonaro é “um homem honesto”, e que a relação comercial entre os dois países depende do andamento judicial do ex-presidente.
Paralelamente, a avaliação no governo Lula é de que uma eventual condenação de Bolsonaro poderá intensificar a crise bilateral, levando a novas sanções econômicas e políticas.
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Entre os aliados de Bolsonaro próximos à Casa Branca, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o comentarista político Paulo Figueiredo foram convidados a viajar para Washington durante o julgamento, com o objetivo de fornecer informações sobre o andamento processual do ex-presidente.
Ambos se recusaram a detalhar interlocutores ou pautas das reuniões, mas lideram esforços que já resultaram em sanções como o tarifaço, restrições de vistos e a aplicação da Magnitsky a Moraes.
Jason Miller, ex-porta-voz e estrategista de campanhas de Trump, também se mantém como influente aliado do republicano e afirmou recentemente que foi detido por ordem de Moraes em 2021.
“E agora o exato mesmo juiz está acusando o presidente Bolsonaro com algo que o colocaria na prisão pelos próximos 35 anos”, disse Miller, ao podcast Ask Dr. Drew, com o argumento de que Trump busca frear “práticas antidemocráticas” no Brasil.
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O governo Lula, por sua vez, vem avançando em procedimentos internos para eventual retaliação aos EUA, mas os diplomatas alertam que a aplicação da reciprocidade é um trâmite longo, com efeito prático previsto apenas para o final deste ano ou início de 2026.
Fonte: Revista Oeste
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