“Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos” (Nelson Rodrigues)
O Rio de Janeiro da década de 1920 era diferente das outras cidades do Brasil. A jovem metrópole avançava rapidamente pela trilha da modernidade. Os prédios, que imitavam a arquitetura parisiense, competiam com as montanhas e as praias que deixavam a então capital federal ainda mais charmosa.
+ Leia mais notícias de Política em Oeste
Em meio às ruas estreitas e ao sol escaldante, caminhava um adolescente cheio de ambição. Nelson Rodrigues entrou cedo para a carreira jornalística. Com 13 anos, trabalhava como repórter policial no jornal A Manhã. Depois, transitou entre a dramaturgia e as crônicas esportivas. Ao chegar em casa, exausto do trabalho, sentava-se e continuava a escrever os textos que sobreviveriam aos testes do tempo.

“Procuro dizer o que sinto e o que penso”, refletiu Nelson. “Isso é muito duro. O sujeito ter o mínimo de autenticidade. É preciso todo um esforço, toda uma disciplina, todo um ascetismo, toda uma paciência beneditina, porque somos os falsários. O homem falsifica valores, falsifica gestos, falsifica sentimentos. O homem que consegue o mínimo de autenticidade, esse é o herói. Me sinto, às vezes, um pouco herói, porque acho que conquistei esse mínimo de autenticidade.”
A morte de Nelson Rodrigues e o nascimento do PT
Nelson morreu em 1980, mesmo ano de nascimento do PT. Apesar de dizer que a posteridade não lhe interessava em nada, seus textos ainda refletem o Brasil contemporâneo. O escritor já enxergava a “moralidade” que as autoridades tentariam impor por meio de discursos decorados. Aconselhou os jovens a envelhecerem rápido e disse que por trás de todo “paladino da moral existe um canalha”.


Em artigo publicado na Edição 286 da Revista Oeste, Augusto Nunes afirma que Nelson Rodrigues pareceu prever que o PT “juntaria seus mais famosos personagens a outra espécie em acelerada expansão”. Também lembrou da famosa frase do escritor: “Os idiotas vão tomar conta do mundo. Não pela capacidade, mas pela quantidade. Os idiotas são muitos, e estão por toda parte.”
“No Brasil”, escreve Augusto, “primeiro tomaram conta do porão do navio pirata atulhado de padres de passeata, freiras de minissaia, intelectuais inéditos, vizinhas gordas e patuscas, grã-finas de narinas de cadáver, amantes espirituais de Che Guevara, almirantes adestrados em Paquetá, cafajestes que roubam beijos da cunhada e outras criaturas concebidas pelo dramaturgo genial. Na virada do século, idiotas de verdade e personagens saídos da ficção assumiram o controle da embarcação que acabou atracando num lago de Brasília.”
O artigo “O ex-covarde e os Napoleões de toga” está disponível aos mais de 100 mil assinantes da Revista Oeste
Leia também:
Fonte: Revista Oeste
+ There are no comments
Add yours