O segundo dia de julgamento do chamado “núcleo 1” da ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, nesta quarta-feira, 3, foi marcado por um episódio de descontração no Supremo Tribunal Federal (STF). A situação envolveu o advogado Andrew Fernandes Farias, que representa o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, e os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino.
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Durante sua sustentação oral, Farias recorreu a uma lembrança pessoal para criticar a acusação apresentada pelo Ministério Público. O advogado citou uma frase atribuída à sogra, dona Zilda: “Às vezes as palavras são como um punhal, às vezes as palavras são como uma arma, machucam, doem”. A fala gerou curiosidade imediata no plenário. Dino interveio e afirmou estar “curioso” sobre a menção, enquanto Moraes perguntou: “A sua sogra fala isso ou as palavras dela são um punhal?”.
Aos risos, o advogado respondeu de forma afetuosa: “Não, não, não, a minha querida dona Zilda, tenho um amor profundo por ela”, afirmou. “Ministro Dino, ministro Alexandre, ela tal qual vossa excelência me trata honestamente muito melhor que eu mereço. Tenho um amor profundo por ela.”
O diálogo arrancou risadas dos presentes e quebrou, por alguns instantes, o clima tenso do julgamento. Dino ironizou a diversidade de referências literárias utilizadas por outros advogados na tribuna. “Seu predecessor citou Dreyfus e Émile Zola, depois Gonçalves Dias, agora, a sua sogra”, brincou o ministro.
O episódio teve novo desdobramento no fim da fala de Farias. O telefone celular do advogado tocou em pleno plenário, e Dino não perdeu a oportunidade: “Não se esqueça de atender o telefone, era sua sogra.” O comentário provocou nova rodada de risadas.
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Farias foi o terceiro advogado a apresentar sustentação oral no segundo dia de julgamento. Além dele, estiveram na tribuna defensores de outros réus, entre eles os advogados Celso Vilardi, José Luis de Oliveira Lima, Matheus Milanez e Paulo Bueno Cunha. A sessão foi mais curta do que a do dia anterior, com cerca de quatro horas de duração.
Os cinco ministros da Primeira Turma do STF — Moraes (relator), Cristiano Zanin (presidente), Cármen Lúcia, Dino e Luiz Fux — acompanham as sustentações e devem definir um veredito até a sexta-feira seguinte, dia 12. Na terça-feira, 9, Moraes apresentará seu voto, seguido dos demais magistrados.
Nogueira, representado por Farias, compareceu apenas ao primeiro dia de julgamento. No segundo, decidiu não ir ao Supremo por questões de saúde, depois de se recuperar de um acidente doméstico que resultou em lesão no braço esquerdo.
O caso integra a investigação sobre a suposta trama golpista depois das eleições de 2022. As defesas dos acusados concentram seus argumentos na contestação do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid e em críticas ao suposto cerceamento do exercício de defesa.
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Fonte: Revista Oeste
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