O governo federal abriu na sexta-feira, 29, um novo pregão eletrônico para a contratação de serviços da Cloudera, empresa norte-americana especializada em soluções de big data e inteligência artificial. A aquisição integra o projeto da “nuvem soberana”, iniciativa do governo Lula que já consumiu R$ 1,2 bilhão em contratos, segundo dados divulgados pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI) em junho deste ano.
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De acordo com os documentos do Pregão Eletrônico nº 90843/2025, publicado pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), o objetivo é contratar uma série de licenças e subscrições da plataforma Cloudera, com vigência de 12 meses e suporte técnico.
O processo envolve um total de 11 itens, todos destinados à sede do Serpro em Brasília, como ferramentas para armazenamento, processamento, inteligência artificial e gerenciamento de dados em ambientes híbridos. Além dos softwares, está prevista a contratação de serviços técnicos especializados para instalação e configuração dos sistemas adquiridos.
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Contratação inclui módulos para nuvem híbrida e IA
Entre os serviços contratados, estão soluções para o processamento e armazenamento local de grandes volumes de dados, com suporte ao uso simultâneo por múltiplos usuários e possibilidade de aceleração por unidades gráficas especializadas.
Também foram incluídas ferramentas voltadas à transmissão contínua de dados, com licenciamento baseado tanto no número de usuários quanto no volume de informações trafegadas.
O pacote contempla ainda recursos para organização, análise e processamento de dados, como funcionalidades específicas de inteligência artificial aplicadas a ambientes corporativos.
Além disso, o governo Lula planeja contratar mecanismos para orquestração e automação de fluxos de dados, com gerenciamento distribuído por agentes especializados e suporte a arquiteturas flexíveis.
A estrutura inclui soluções voltadas à observabilidade, com capacidade de monitoramento de ambientes complexos e geração de métricas de desempenho. Por fim, a contratação prevê créditos para uso em nuvem pública, ampliando a flexibilidade da infraestrutura híbrida proposta.
Também fazem parte do pregão mais de mil unidades de serviços técnicos especializados, desde instalação e transição até parametrização e configuração dos sistemas no ambiente do Serpro.
Todos os itens adotam o critério de julgamento por menor preço. Os valores estimados foram classificados como sigilosos, tanto para preços unitários quanto para o valor total. O edital também esclarece que não há aplicação de margens de preferência, nem tratamento diferenciado para empresas nacionais ou de pequeno porte.
Governo Lula contrata plataforma norte-americana para processar dados no Brasil
Lançado como parte do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, o projeto da “nuvem soberana” busca garantir que dados públicos e sensíveis permaneçam sob jurisdição nacional. Segundo o MGI, a estratégia consiste em utilizar infraestrutura e software de grandes empresas de tecnologia — como Google, AWS, Microsoft, Huawei, Oracle, IBM, Tencent e Cloudera —, mas com armazenamento físico em território brasileiro e gestão pelas estatais Serpro e Dataprev.
Em entrevista, o secretário de governo digital, Rogério Mascarenhas, afirmou que a medida visa a “repatriar dados que estavam sendo processados fora do país” e reduzir riscos associados à soberania digital. Como exemplo de vulnerabilidade, ele citou o ataque cibernético de 2021 que derrubou o ConectSUS, então hospedado em nuvem estrangeira.
O Serpro, responsável pelo novo pregão, já processa mais de 90% dos dados sensíveis do governo federal, segundo o MGI. Isso inclui informações fiscais, folha de pagamento, cadastros e autenticação no portal Gov.br.
A migração dos órgãos federais para a nuvem soberana tem ocorrido de forma gradual. Levantamento do MGI mostrou que apenas 40% da administração pública federal utilizavam nuvem externa. Para ampliar a adesão, o governo Lula afirma ter negociado contratos com valores compatíveis aos praticados no mercado. Estados e municípios também podem contratar o serviço por meio da plataforma GovBr.
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Fonte: Revista Oeste
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