Padilha desiste de viagem à Assembleia-Geral da ONU

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta sexta-feira, 19, que não participará da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. A decisão ocorreu depois de os Estados Unidos imporem restrições à sua circulação no país, válidas também para sua mulher e filha.

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Em agosto, o governo Trump havia revogado o visto do ministro e de seus familiares. O motivo alegado foi a participação de Padilha na criação do programa Mais Médicos, no governo Dilma Rousseff, considerado por Washington como um mecanismo de exportação de mão de obra controlado por Cuba.

Depois das pressões diplomáticas, o Brasil obteve uma permissão temporária para que o ministro pudesse ingressar em território norte-americano, mas com limitações. De acordo com a comunicação feita ao Itamaraty, Padilha poderia circular apenas em um perímetro de até cinco quarteirões em torno do hotel onde ficaria hospedado, além dos trajetos até a sede da ONU e à residência oficial do representante brasileiro na organização.

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Em entrevista à GloboNews, Padilha disse que as condições impostas impedem sua participação. “As restrições inviabilizam a presença do ministro da Saúde do Brasil para as atividades que ele precisa fazer parte, inclusive impedem que vá para Washington, que é a Assembleia Geral da Opas”, afirmou, em referência à Organização Pan-Americana da Saúde.

Ele destacou que a limitação atingiria reuniões com outros ministros de saúde dos Brics, do G20 e do Mercosul, além de encontros externos à estrutura da ONU. Também mencionou compromissos com hospitais, laboratórios e instituições de pesquisa norte-americanas. “Na prática, impede a participação ativa do Ministro da Saúde do Brasil em atividades para as quais somos convidados, para fazer parcerias, inclusive para trazer investimentos e medicamentos”, disse.

Padilha envia carta aos ministros da Opas

Momentos depois do anúncio de sua desistência, Padilha enviou uma carta aos ministros da Saúde dos países-membros da Opas. O documento reforçou que as restrições “impedem a plena participação do Brasil em órgãos das Nações Unidas sediados nos Estados Unidos”.

Padilha afirmou que o Brasil planejava anunciar novas contribuições ao Fundo Rotatório e ao Fundo Estratégico da Opas, voltados à compra de vacinas e medicamentos oncológicos “mais baratos para toda a América”.

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A ex-presidente Dilma Rousseff entre médicos cubanos do programa Mais Médicos | Foto: Roberto Stuckert Filho

Na carta, ele classificou a medida norte-americana como “decisão arbitrária e autoritária, que afronta o direito internacional e prejudica a cooperação harmônica entre países soberanos”. Também afirmou que a restrição compromete negociações em andamento com instituições internacionais de saúde.

Padilha ressaltou ainda o impacto da medida sobre a imagem da diplomacia brasileira: “O efeito imediato das restrições que me foram impostas é impedir a plena participação do Brasil em órgãos das Nações Unidas sediados nos Estados Unidos, enquanto exercemos a presidência pro-tempore do Mercosul e dos BRICS e presidimos a Coalizão do G20 na Saúde”.

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Fonte: Revista Oeste

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