A Comissão de Fiscalização e Controle do Senado aprovou, nesta quarta-feira, 4, a abertura de uma investigação nos Correios depois de a estatal registrar o primeiro déficit desde 2016. A proposta, da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e teve a relatoria de Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
A investigação determina que a comissão, em conjunto com o Tribunal de Contas da União (TCU), deve apurar possíveis falhas contábeis, má gestão, riscos operacionais e indícios de fraude nos Correios. A aprovação levou cerca de 30 segundos, sem manifestações contrárias, mas provocou reação da base aliada ao governo.
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A proposta de Damares tem como base denúncias recentes, divulgadas pela imprensa, de má gestão nos Correios. Um dos principais motivos para o pedido de investigação é o déficit acumulado pela estatal em 2024, de R$ 2,6 bilhões.
Aprovamos!!! Agora, abrimos nova frente para investigar todas as suspeitas de irregularidades e corrupção que pairam esse desgoverno. Serão convocados ministros, ouviremos em depoimento os diretores e ex-diretores dos Correios e até funcionários. Quebraram uma empresa pública que… pic.twitter.com/r5eByfDKvC
— Damares Alves (@DamaresAlves) September 4, 2025
A senadora relaciona quatro aspectos principais a serem investigados:
- Irregularidades administrativas e contábeis;
- Gestão temerária e aparelhamento institucional;
- Riscos operacionais;
- Fraudes e concorrência desleal.
Flávio afirmou serem “gravíssimas” as denúncias apontadas na estatal e que a comissão tem “todo o planejamento para a coleta de informações, oitivas de pessoas importantes dentro da instituição, servidores e até possíveis visitas in loco“. O objetivo é “consubstanciar um relatório que seja fidedigno a toda suspeita que recai sobre os desvios bilionários e aos crimes cometidos contra diversas pessoas dentro dos Correios”.
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Os Correios registraram prejuízo bilionário em 2024, o primeiro déficit desde 2016, quando o resultado negativo foi de R$ 1,5 bilhão. Segundo relatório divulgado em maio, a receita líquida da estatal ficou em R$ 18,9 bilhões, valor 1,74% menor que em 2023, enquanto os custos subiram 4,7%, para R$ 15,9 bilhões. O lucro bruto caiu 26%, somando quase R$ 3 bilhões. Apenas 15% das agências geraram lucro, de acordo com a empresa.

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Rogério Carvalho (PT-SE), líder do governo na comissão, criticou a rapidez da votação e o conteúdo do pedido de fiscalização. Ele relatou que chegou ao colegiado com apenas dois minutos de atraso e considerou que a votação foi atropelada, sem espaço para debate, assim como “excessiva e truculenta”.
“Eu vou encaminhar uma questão de ordem à mesa diretora do Senado levantando todas as inconsistências que têm nessa proposta de fiscalização, porque extrapola e entra em empresas privadas que não é competência desta comissão”, protestou. “Não é uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). É uma comissão que tem por obrigação fazer a fiscalização de órgãos da administração direta e indireta, não pode extrapolar.”
A Proposta de Fiscalização e Controle (PFS), instrumento previsto desde 2013, é pouco frequente no Senado: em dez anos, somente 22 propostas foram apresentadas, com a maioria sem avanço. Diferente de uma CPI, a PFS não permite convocar pessoas ou quebra de sigilos e fica restrita à solicitação de informações e produção de relatórios com o suporte técnico do TCU.
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Fonte: Revista Oeste
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