Na última quinta-feira (4/9), o ministro do Interior, Justiça e Paz da Venezuela, Diosdado Cabello, acompanhou a abertura de um novo centro de treinamento militar no país. Localizado no estado de Carabobo, o local oferece capacitação não só para militares venezuelanos, como também para civis, por meio de treinos que usam a realidade virtual.
Pressão contra Maduro
- Os EUA são um dos principais alvos das declarações polêmicas de Nicolás Maduro, que acusa o país de ambições imperialistas.
- A legitimidade do governo de Maduro é questionada por grande parte da comunidade internacional, pois muitos países enxergam fraude eleitoral nas últimas eleições realizadas na Venezuela.
- Assim como seu antecessor, Joe Biden, Trump reconhece o opositor Edmundo González como o verdadeiro vencedor do pleito venezuelano.
- Maduro é acusado pelos EUA de ser chefe de cartel, e ter ligações diretas com a entrada de drogas no país.
As instalações da estação de treinamento, estrategicamente posicionado no centro do país, foram exibidas pela mídia estatal venezuelana. Nas imagens, é possível ver salas para treinos de tiro, correção de postura e aulas teóricas de instruções militares.
O espaço, exibido com pompa pelo governo de Nicolás Maduro, faz parte de um plano de segurança mais amplo na Venezuela, iniciado após as recentes ameaças dos Estados Unidos contra o país.
Nas últimas semanas, o líder chavista aumentou a retórica militar, e adotou uma série de medidas com a justificativa de defender a “soberania nacional do imperialismo”.
Elas vão desde o envio de navios e aeronaves para patrulhas nas regiões costeiras do país, a convocação de 4,5 milhões de milicianos, e até mesmo a mobilização de pescadores venezuelanos.
Outra estratégia usada pelo governo chavista foi a ativação de quadrantes da paz na Venezuela. A iniciativa, segundo Caracas, busca dividir o território do país em setores, que vão receber vigilância policial e militar especiais.
Avanço contra a Venezuela
Desde que classificou Maduro como chefe do cartel de Los Soles, Washington aumentou substancialmente a presença militar na América Latina. Em especial nas águas do Caribe, próximo à região costeira da Venezuela.
Além de uma frota de navios de guerra, caças F-35 foram enviados recentemente para as proximidades da Venezuela, aumentando ainda mais as tensões na área.
A justificativa do Pentágono para movimentação é o combate a grupos ligados ao tráfico na região — como o cartel de Los Soles.
A pressão norte-americana contra a Venezuela, contudo, não foi iniciada por Donald Trump. Há anos, os EUA apontam que autoridades chavistas possuem ligações com o tráfico internacional de drogas. Por isso, recompensas norte-americanas milionárias são oferecidas em troca de informações que levem as prisões não só de Maduro, como de alguns aliados próximos.
Derrubar Maduro?
Mesmo que a Casa Branca tenha falando em usar todo o poder norte-americano contra tais organização latino-americanas, o que incluiria o Los Soles e Maduro, o presidente dos EUA negou que as operações na região visam uma mudança de governo na Venezuela.
Ainda assim, analistas ouvidos pelo Metrópoles não descartam ações mais dura contra o país. Isso porque, ao classificar cartéis como grupos terroristas, os EUA encontraram brechas para tomar medidas mais enérgicas contra tais grupos, como operações militares em outros países sob a bandeira da guerra ao terror.
“Com essa mudança, os EUA mostraram ao mundo que a questão de segurança nacional não possuí limites. Um ataque contra Caracas, por exemplo, não pode ser descartado caso a inteligência norte-americana aponte atividades do Los Soles ou outros cartéis na capital venezuelana. O que não significa necessariamente uma tentativa de mudança de regime à força”, explica Ricardo S. De Toma, doutor em Estudos Estratégicos Internacionais e pesquisador do Grupo de Estudos em Defesa Nacional, Fronteiras e Migrações (Gedefrom).
Toma pondera que uma possível operação militar dos EUA no país, que mudasse os rumos políticos da Venezuela, depende de cálculos não só militares, como também políticos.
“Para os EUA não é conveniente atacar a Venezuela, derrubar Maduro e criar um vácuo de poder no país sem antes ter garantias de estabilidade para uma possível transição política, como já aconteceu em intervenções norte-americanas na Síria, Líbia e Iraque”, explica. “Isso pode gerar problemas não só na Venezuela, mas também em nações próximas, que enfrentariam uma nova onda de imigração de venezuelanos, por exemplo”.
Fonte: Metrópoles
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