Cada vez mais integrado a comunidade internacional, o atual presidente da Síria, Ahmed al-Sharaa, se tornou o primeiro líder sírio a discursar na Assembleia Geral da ONU após 58 anos. Apesar do passado ligado aos grupos Al-Qaeda e Estado Islâmico, o ex-terrorista subiu ao púlpito e discursou nesta quarta-feira (24/9).
Novo presidente da Síria
Antes de al-Sharaa, o último presidente da Síria a discursar no plenário da Assembleia Geral da ONU foi Nureddin al-Atassi, em 1967, antes de Hafez al-Assad chegar ao poder após um golpe.
Por causa do isolamento internacional, tanto Hafez quanto Bashar al-Assad não costumavam participar de nenhum dos eventos anuais das Nações Unidas em Nova York, assim como outros fóruns internacionais.
No pronunciamento diante de outras lideranças mundiais, al-Sharaa usou boa parte do tempo para falar sobre o antigo governo da Síria, que ficou nas mãos da família Assad por mais de cinco décadas.
Para o presidente interino sírio, o regime anterior provocou “anos de injustiça, opressão e privação” ao povo da Síria; por isso, a população “não teve escolha a não ser organizar suas fileiras e se preparar para o grande confronto histórico”, disse al-Sharaa se referindo a tomada de poder no último ano, em ação liderada pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS).
Além disso, o presidente da Síria prometeu “levar à Justiça” todas as pessoas envolvidas nas recentes ondas de violência que tomaram conta do país, envolvendo grupos sectários e forças do atual governo.
Até o ano passado, o líder sírio era classificado como terrorista por boa parte da comunidade internacional, inclusive pelos Estados Unidos, país sede da 80ª Assembleia Geral da ONU.
No início da década de 2010, quando era filiado à Al-Qaeda, al-Sharaa chegou a ser preso por forças norte-americanas no Iraque. Na prisão de Camp Bucca, localizado em uma base militar na fronteira com o Kwait fez ligações que o levariam a se juntar, anos mais tarde, ao Estado Islâmico (Isis).
Por anos, o presidente da Síria atuou pelo grupo jihadista e foi comandante da organização Frente Nusra, filiada do ISIS na Síria. Os laços com a Al-Qaeda e o Estado Islâmico se encerram por volta de 2017, quando al-Sharaa anunciou a criação do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), grupo responsável pela investida militar que derrubou Bashar al-Assad no último ano.
Apesar do passado ligado ao jihadismo, incluindo o grupo responsável pelos ataques do 11 de setembro no World Trade Center, al-Sharaa recebeu sinalizações positivas desde que chegou ao poder.
Uma das mais notórias partiu do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, em julho . Na ocasião, o mandatário norte-americano se reuniu com o presidente sírio na Arábia Saudita, e anunciou o fim das sanções contra a Síria.
O HTS, assim como al-Sharaa, também foram retirados da lista de terroristas procurados pelos EUA.
Fonte: Metrópoles
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