Acordo entre UE e Mercosul avança em meio a tarifaço de Trump

O acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e Mercosul avançou, após o texto final para a assinatura do tratado ser validado pelo Conselho da União Europeia na quarta-feira (3/9). A evolução da questão surge em meio à guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.


Acordo União Europeia x Mercosul

  • O acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e Mercosul começou a ser negociado em 1999.
  • Ele foi fechado no último ano, durante a cúpula do Mercosul realizada no Uruguai.
  • Entre os principais pontos estão o fim progressivo de tributos sobre até 92% das exportações entre os dois blocos.
  • Agora, o texto precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu para entrar em vigor. 

As negociações sobre o pacto comercial já duram 25 anos, e entram agora na fase final após o acordo entre os dois blocos ser fechado em dezembro de 2024, durante a cúpula do Mercosul no Uruguai.

Entre os principais pontos do acordo, estão previstas eliminações progressivas de tributos no comércio entre os países que compõem os blocos, que podem atingir 92% das exportações.

O texto, porém, ainda precisa ser aprovado pela União Europeia, por meio do Parlamento Europeu. Para entrar em vigor, é necessário que 15 dos 27 países que integram o bloco sejam favoráveis à medida.

Tarifaço de Trump

A possibilidade do acordo de livre comércio se tornar realidade surge em meio ao tarifaço de Donald Trump contra o mundo — ou quase todo ele. Atualmente, o Brasil é alvo de uma das maiores alíquotas impostas pelo presidente norte-americano, de 50%. Enquanto isso, a UE teve seus produtos taxados em 15%.

Economistas ouvidos pelo Metrópoles enxergam o avanço como uma chance de países que compõem a UE e Mercosul contornarem a ofensiva tarifária norte-americana.

“Apesar de não envolver os Estados Unidos diretamente, o acordo pode trazer fôlego a ambos, ao abrir mais espaço para as exportações frente aos desafios externos”, explica o economista e consultor financeiro Andre Mirsky. “Pode ajudar as perdas da União Europeia, causadas pelas tarifas norte-americanas elevadas, além de escoar produtos brasileiros antes destinados aos Estados Unidos para consumidores europeus”.

Situação do Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse esperar que o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul seja finalizado até o fim deste ano, quando o Brasil deixará a presidência rotativa do bloco sul-americano.

A expectativa do líder brasileiro surge em meio a manobras do governo federal, que tenta contornar a tarifa norte-americana, enquanto negociações entre Brasília e Washington seguem estagnadas.

Caso saia do papel, o pacto pode aumentar em mais de US$ 7 bilhões as exportações do Brasil para a UE no curto prazo, segundo análises da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil). Além disso, a estimativa é de que o acordo tenha um impacto de R$ 37 bilhões sobre o Produto Interno Bruto (PIB) até 2044.

“Na prática, vejo o Brasil se consolidando como grande fornecedor de alimentos, grãos, carne, minérios e petróleo para a Europa [se o acordo entrar em vigor]”, explica o economista  Sidney Proença. “O movimento é claro: abrir mais mercados, diversificar parcerias e reduzir vulnerabilidades. Ou seja, transformar um cenário de pressão externa em oportunidade de crescimento para o Brasil”.

Fonte: Metrópoles

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