O estudante e youtuber de direita Wilker Leão, até então matriculado no curso de História da Universidade de Brasília (UnB), foi expulso da instituição nesta sexta-feira, 5, depois da conclusão de um processo administrativo disciplinar. A decisão foi tomada pela reitora da universidade, Rozana Reigota Naves, e ocorre depois de episódios em que o aluno divulgou gravações de si mesmo durante as aulas do curso.
Segundo a administração da UnB, os registros feitos por Leão em sala de aula, sem autorização de docentes, caracterizaram condutas passíveis de punição disciplinar. A universidade instaurou processo em novembro de 2024 e concluiu pela exclusão definitiva do estudante.
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Em exclusividade a Oeste, Leão classificou a expulsão como “completamente absurda” e afirmou que “não há lei alguma que proíba as gravações aos moldes que faço”. Ele ressaltou que a decisão foi fundamentada em “perspectivas subjetivas do regulamento administrativo da própria UnB” e que não houve “menção à lei alguma”.
Leão disse ainda que sua defesa foi prejudicada no processo administrativo. De acordo com ele, só teve ciência da investigação em 26 de dezembro de 2024, quase dois meses depois de sua instauração. “A própria Instrução Normativa da UnB acerca de tais procedimentos determina que a ciência do processo deve ser dada ao investigado de forma imediata”, declarou.
O estudante afirmou também que várias testemunhas arroladas pela defesa foram recusadas e que às que depuseram foi concedido o direito ao silêncio, “sendo que a testemunha tem o dever legal de falar a verdade e não de poder ficar calada”. Ele disse que tais questionamentos foram ignorados pela comissão de professores responsável pelo processo.
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Outro ponto levantado por Leão é a solicitação feita pela universidade à Justiça Federal em Brasília para decretar sigilo sobre o processo. Segundo ele, a medida tem como objetivo “impedir que eu exponha ao público toda essa perseguição”.
Além da expulsão, o estudante afirma que também foi impedido de se matricular em novo curso na própria instituição, mesmo depois de ter sido aprovado em vestibular para Ciências Sociais. Ele acusa a gestão de ter descumprido o princípio da impessoalidade. “Fui duas vezes sancionado por uma alegação de ‘mal comportamento’ totalmente subjetiva, sem qualquer fundamento legal”, afirmou. “É simplesmente bizarro que uma universidade pública possa decidir não matricular determinado aluno por seus gestores terem criado um problema pessoal com ele.”
Aluno foi condenado em processo por calúnia e difamação contra docente
O caso ganhou repercussão depois de uma decisão judicial em processo paralelo. A juíza Ana Cláudia Loiola, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, condenou o aluno a dois anos e três meses de detenção em regime aberto por calúnia e difamação contra o professor Estevam Thompson.
Na sentença, a magistrada destacou que “as falas atingiram a honra do docente e violaram o princípio da liberdade de cátedra”. A decisão foi baseada em seis vídeos gravados em aulas de História da África, nos quais o aluno se referiu ao professor através de termos como “professor brabão”, “valentão” e “transgeneral”.
O processo segue em discussão tanto na esfera judicial quanto administrativa. Leão informou que pretende recorrer da decisão da UnB por meio de ações judiciais. Enquanto isso, a universidade mantém o afastamento do aluno e justifica a medida com base em normas internas de conduta.
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Fonte: Revista Oeste
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