A ligação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o financista condenado por crimes sexuais Jeffrey Epstein continua a gerar turbulência para o republicano. Uma crise que já não fica apenas dentro da política interna dos EUA. Na terça-feira (16/9), em viagem do americano à Inglaterra e antes mesmo de se encontrar com a família real e com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, Trump foi recebido por diversos protestos.
O país foi tomado por manifestações, marcadas por imagens de Trump ao lado de Epstein, que foram projetadas nas paredes do Castelo de Windsor. O presidente norte-americano chegou na última quarta-feira (17/9), na Inglaterra para uma visita de Estado.
Contra a presença do presidente norte-americano no país, milhares de manifestantes continuaram os protestos e se reuniram no centro de Londres na quarta.
Viagem de Trump
- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou, nessa quarta-feira (17/9), ao Castelo de Windsor, na Inglaterra, onde se encontrou com o rei Charles III e a família real.
- Ao lado da primeira-dama, Melania Trump, o presidente norte-americano foi recebido inicialmente pelo príncipe William e pela princesa de Gales, Kate Middleton. Ao chegar ao Castelo de Windsor, o rei Charles III e a rainha Camilla já os aguardavam.
- A viagem ocorreu em meio às pressões de Trump para que a Europa “pare de comprar petróleo da Rússia”, afirmando que o problema é que ainda estão adquirindo o petróleo russo, o que dificulta as negociações entre Rússia e Ucrânia.
- Trump assinou na quinta-feira (18/9) um acordo de “prosperidade tecnológica” com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. Segundo Trump, os dois países possuem um “vínculo inquebrável”.
- O pacote também inclui um investimento “histórico” de 150 bilhões de dólares de empresas americanas, anunciado recentemente como parte da visita de Estado do presidente dos EUA a Chequers, na Inglaterra.
Os britânicos já questionavam o governo em meio a uma crise após a revelação de que o embaixador britânico nos Estados Unidos, Peter Mandelson, tinha ligação com Epstein, tendo sido logo demitido. Além de Trump, os manifestantes também demonstraram insatisfação com Starmer.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Stephen Doughty, Mandelson não teria revelado a extensão nem a profundidade da amizade com Epstein no momento da nomeação como embaixador.
Mandelson enviava e-mails a Epstein, nos quais afirmava que a condenação, em 2008, por solicitar uma menor de 18 anos para prostituição era injusta e deveria ser contestada.
Roberto Uebel, professor de Relações Internacionais e do Programa de Pós-Graduação em Administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), explicou, ao Metrópoles, que a ligação de Trump com Epstein “reforça percepções de falta de ética e integridade, minando sua credibilidade política”.
“No Reino Unido, onde a opinião pública é sensível a escândalos de caráter, a associação com Epstein aprofunda a desconfiança em relação a Trump e, sobretudo, seu governo”, pontuou Uebel.
Ainda segundo o professor, a demissão do embaixador sinalizou que “Londres buscou minimizar riscos diplomáticos” para não agravar as tensões ou “projetar conivência diante da opinião pública britânica, especialmente porque Trump também se encontrou com o Rei Charles III, ou seja, um sentido de preservação da própria monarquia”.
Trump e Epstein
- Jeffrey Epstein era um bilionário norte-americano com conexões em altos círculos políticos, financeiros e artísticos. Ele foi acusado de abusar sexualmente de centenas de meninas menores de idade entre os anos 1990 e 2000.
- Epstein oferecia dinheiro às vítimas e também as instruía a recrutar outras meninas para os abusos.
- Ele foi preso pela primeira vez em 2008, após se declarar culpado em um acordo polêmico que lhe garantiu uma pena leve.
- Em 2019, novas investigações federais levaram à sua prisão. Epstein foi encontrado morto em sua cela em agosto do mesmo ano. A morte foi registrada como suicídio, mas gerou teorias da conspiração até hoje.
- Trump e Epstein foram amigos próximos durante os anos 1990 e início dos anos 2000. Frequentaram festas juntos e aparecem em registros fotográficos em eventos sociais. Em 2002, Trump chegou a elogiar Epstein publicamente, dizendo que ele “gostava de mulheres jovens”.
A demissão de Peter Mandelson é um reflexo claro de que “governos percebem a rede de Epstein como ameaça reputacional séria, especialmente diante das manifestações que ligaram Trump diretamente a esse universo”, segundo Uebel.
As imagens projetadas em Windsor, segundo o professor, reforçam uma narrativa negativa “que tende a se cristalizar internacionalmente, sobretudo em sociedades que valorizam a transparência”.
Ainda segundo Uebel, a mensagem é que “Trump não pode se eximir de responsabilidade por ter integrado esse ambiente de privilégios e abusos”.
Fonte: Metrópoles
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