contador nega sociedade com Careca do INSS

O contador Milton Salvador de Almeida Júnior prestou depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Nacional (INSS) na noite desta quinta-feira, 18. Ao colegiado, ele negou ser sócio do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.

Na comissão, Almeida Júnior afirmou ter prestado apenas serviços de assessoria financeira às empresas ligadas ao “Careca do INSS”. O contato, no entanto, negou ter participação societária com o lobista.

Antônio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS: depoimento confirmado pela própria defesa | Foto: Reprodução/Redes sociais
Antônio Carlos Camilo Antunes, o lobista conhecido pelo apelido ‘Careca do INSS’ | Foto: Reprodução/Redes sociais

“Jamais fui sócio de quaisquer das empresas do ‘Careca do INSS’”, disse Almeida Júnior. “Prestei serviços e, assim que fui, inclusive, citado, pedi imediatamente o meu desligamento. Constei nos estatutos das empresas dele — por ser sociedade anônima — como diretor financeiro, para viabilizar a operação do trabalho financeiro que eu tinha junto aos bancos para firmar pagamentos.”

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Convocado a pedido de nove requerimentos, incluindo um pedido do relator da CPMI, deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), o contador declarou ter atuado no grupo do “Careca do INSS” por 14 meses, com contrato firmado pela Prospect Consultoria Empresarial. Entre as empresas atendidas estavam a Acca Consultoria Empresarial, a Camilo Comércio e Serviços e a ACDS Call Center. O depoente disse ter recebido R$ 60 mil mensais pelo trabalho — o que rendeu R$ 840 mil no total.

Almeida Júnior disse, ainda, que só tomou conhecimento de irregularidades durante a operação da Polícia Federal. Na ocasião, ele recebeu os agentes na ausência do “Careca do INSS”.

Relator da CPMI elogia contador

O relator da CPMI chegou a elogiar a disposição de Almeida Júnior de comparecer sem habeas corpus e cogitou reavaliar o pedido de prisão preventiva. Contudo, depois dos questionamentos de parlamentares como o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e o senador Rogério Marinho (PL-RN), Gaspar recuou e disse não acreditar nas justificativas apresentadas pelo depoente.

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Parlamentares criticaram a falta de questionamentos do contador sobre as movimentações financeiras, que chegavam a R$ 10 milhões mensais. Integrantes da comissão consideraram improvável que ele não tivesse percebido irregularidades.

Durante a audiência, Almeida Júnior reconheceu ter sido “ingênuo” e admitiu que, à época, não desconfiava dos altos valores pagos por associações às empresas do “Careca do INSS”. Ele também disse que não teve contato com representantes das entidades, servidores do instituto ou autoridades políticas.

Bate-boca

A audiência de ontem da CPMI também foi marcada por uma discussão. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e Gaspar protagonizaram uma discussão durante o depoimento do advogado Nelson Willians, quando a parlamentar maranhense cobrou que o relator respeitasse e tivesse um “tratamento igualitário” com as mulheres que estavam presentes na sessão.

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O relator rebateu a crítica. “Isso aqui não é um circo”, afirmou Gaspar. “A senhora me respeite. Não tratei ninguém mal.”

“Me respeite o senhor, deputado”, criticou Eliziane. “Você pensa que está falando com quem? Olha como o relator é: quando é para falar com uma deputada é desse jeito, mas quando é pra falar com homem é de uma educação.”

Durante a discussão, o deputado fez menção a uma eventual convocação de Elisvane Pereira Gama. Ela, que é irmã da senadora, atua como superintendente federal do Ministério de Pesca e Aquicultura no Maranhão.

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Eliziane, no entanto, afirmou que não paira “a mínima investigação ou suspeição” sobre Elisvane.

Durante o bate-boca, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), teve que cobrar ordem na sessão. Ele solicitou que as falas de ambos fossem retiradas das notas taquigráficas, ou seja, dos registros dos acontecimentos da comissão.

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“Aqui o tom é de igualdade”, afirmou Viana. “Então, se vamos retirar, eu acolho e faremos de todos. Não houve qualquer tipo de ameaça aqui.”

Próxima oitiva

Atendendo a 11 requerimentos de parlamentares, a comissão se reunirá na próxima segunda-feira, 22, para ouvir o depoimento do empresário Rubens Oliveira Costa, da Vênus Consult e da Curitiba Consult. Ele é apontado como “facilitador” e “intermediário”, conforme cita o senador Izalci Lucas (PL-DF), autor de um dos pedidos de convocação.

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Fonte: Revista Oeste

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