Lula rejeita encontro com Trump

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, informou, nesta terça-feira, 23, que o esperado encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deve ocorrer de maneira presencial. De acordo com o chanceler, a justificativa para a reunião ser remota é que o petista “está ocupado, com a agenda muito cheia”.

Segundo Vieira, os dois presidentes chegaram a trocar “algumas poucas palavras” durante a 80ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Durante a interação, Trump declarou ter apreciado Lula e afirmou que só faz “negócio” com quem tem afinidade.

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“Sempre defenderei nossa soberania nacional e os direitos dos cidadãos norte-americanos”, afirmou Trump. “Sinto muito por dizer que o Brasil está fazendo mal e continuará a fazer mal. Eles só podem fazer bem quando estão trabalhando conosco. Sem nós, eles vão falhar, como outros falharão.”

Posicionamento do governo brasileiro

Vieira ressaltou que o governo brasileiro segue disponível para diálogo e negociações, mas frisou que a soberania do país é inegociável. “A questão política é inegociável”, declarou o ministro. “Não há espaço para isso.”

“A única coisa que não podemos discutir é a soberania ou a independência dos Poderes do Brasil, como o presidente Lula disse hoje em seu discurso”, acrescentou Vieira.

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump, em discurso na 80ª Assembleia-Geral da ONU | Foto: Reprodução/YouTube/ONU
O presidente dos Estados Unidos Donald Trump, em discurso na 80ª Assembleia da ONU | Foto: Reprodução/YouTube/ONU

Ao falar de Lula durante seu discurso na ONU, Trump afirmou ter tido “uma química excelente” com o petista, a quem descreveu como “um homem muito agradável”. O norte-americano ressaltou que ambos combinaram de se reunir na próxima semana.

O presidente dos EUA contou que um primeiro encontro com Lula ocorreu rapidamente, nos corredores da ONU, em Nova York. “Eu estava entrando no plenário quando o líder do Brasil estava saindo”, relatou Trump. “Nós nos vimos, nos abraçamos e concordamos em nos encontrar na semana que vem.”

Segundo Trump, a conversa não passou de 20 segundos: “Não tivemos muito tempo, mas ele pareceu um sujeito muito legal”, afirmou. “Ele gostou de mim, e eu gostei dele.”

A fala de Trump contrasta com o discurso do petista, que aproveitou o tempo na assembleia da ONU para atacar as medidas do governo dos EUA, as quais classificou como “sanções arbitrárias e intervenções unilaterais”.

“Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra as nossas instituições e nossa soberania”, disse Lula. “A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável. Essa ingerência em assuntos internos contam com o auxílio de uma extrema direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias. Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade.”

Na continuidade de sua fala, Lula fez referência às sanções econômicas dos EUA a produtos brasileiros. Além disso, condenou medidas da Lei Magnitsky e vetos de vistos de autoridades brasileiras. Segundo ele, as ações enfraquecem o multilateralismo e as democracias globais.

“Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando regra”, afirmou o petista. “Existe um paralelo entre a crise do multilateralismo e a crise da democracia.”



Fonte: Revista Oeste

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