Às vésperas de 2 anos da guerra, Israel e Hamas debatem plano de Trump

Representantes de Israel e do Hamas retomam nesta segunda-feira (6/10), no Egito, as negociações para tentar chegar a um consenso sobre o plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar a guerra em Gaza — conflito que completa dois anos nesta terça-feira (7/10).

O plano, dividido em 20 pontos, prevê a libertação de todos os reféns israelenses — medida que o premiê Benjamin Netanyahu disse esperar “nos próximos dias” — e a suspensão temporária dos bombardeios, ponto que o Hamas alega ter sido violado por Israel durante o fim de semana.

Nesse domingo (5/10), Netanyahu já havia condicionado o avanço dos próximos passos do plano de paz à libertação total dos reféns.

“Não passaremos para nenhuma das cláusulas seguintes até que cada refém, vivo ou morto, esteja de volta ao território israelense”, afirmou o primeiro-ministro.

A delegação israelense, chefiada pelo ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, viaja nesta segunda para Sharm el-Sheikh. Já a delegação do Hamas chegou ao Egito durante a tarde de domingo, sob a liderança do chefe do movimento, Dr. Khalil al-Haya, “para iniciar negociações sobre mecanismos de cessar-fogo e a retirada das forças de ocupação e a troca de prisioneiros”.

O conflito atual iniciou-se em outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando dezenas de reféns.

Como resposta, Israel iniciou uma ampla ofensiva militar na Faixa de Gaza, com bombardeios e incursões terrestres que devastaram o território palestino.

Pontos do plano de paz serão debatidos

Do lado palestino, o Hamas confirmou ter aceitado duas das principais exigências do plano — a troca dos 48 reféns restantes por cerca de 1.950 prisioneiros palestinos e a entrega administrativa de Gaza a um governo de tecnocratas independentes.

Contudo, o grupo se recusou a tratar do desarmamento, ponto considerado essencial pelos EUA e Israel.

Confira todos os pontos do documento:

 

“Não há cessar-f0go em vigor”

Apesar do anúncio das negociações, os combates seguem intensos em Gaza. O exército israelense confirmou nesse fim de semana novas ofensivas na Cidade de Gaza, contrariando declarações anteriores de Netanyahu sobre a redução das operações.

Hospitais locais relataram ao menos 70 mortes nas últimas horas, incluindo crianças e mulheres.

O chefe do Estado-Maior israelense, Eyal Zamir, reconheceu que não há cessar-fogo em vigor, mas disse haver “mudança na situação operacional”.

“O escalão político está traduzindo as conquistas militares em uma vitória diplomática”, declarou a comandantes em visita às tropas. Ele advertiu, porém, que se as tratativas fracassarem, “voltaremos a lutar”.

Netanyahu já havia anunciado que mesmo que o Hamas não aceite o plano, Israel — com o respaldo do presidente norte-americano — “terminará o trabalho sozinho”.

Governo Trump otimista

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou ainda, no domingo, que o governo Trump está otimista quanto à libertação dos reféns “muito rapidamente”, mas reforçou que os bombardeios precisam cessar para que o acordo avance.

“Não se pode libertar reféns no meio de ataques. Os combates terão de parar”, disse à CBS News.

Segundo Rubio, 90% do plano de Trump já foi elaborado, mas a fase de desmobilização do Hamas ainda é considerada “difícil”. A proposta prevê anistia para membros desarmados do grupo e passagem segura para aqueles que optarem por deixar Gaza.


Gaza segue sob ataque

  • Enquanto diplomatas tentam construir um acordo, o custo humano da guerra segue crescendo.
  • Dados da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) indicam que quase todos os moradores de Gaza foram deslocados e que 80% das estruturas da região estão danificadas ou destruídas.
  • A fome atinge níveis críticos e menos de 40% dos hospitais permanecem parcialmente funcionais.

Delegação norte-americana em Cairo

Trump enviou ao Egito seu genro, Jared Kushner, e o enviado especial Steve Witkoff para acompanhar as negociações. O presidente norte-americano afirmou que “há espaço para ajustes” no plano, mas advertiu que não tolerará atrasos por parte do Hamas.

Netanyahu, por sua vez, condiciona qualquer trégua ao desarmamento completo do grupo.

Com posições ainda distantes e o conflito ativo, o encontro agora será Egito, e não mais no Catar, após o ataque israelense contra lideranças do Hamas em Doha. À época, o país classificou a ofensiva como “covarde” e “criminosa” declarando que o ato constituía uma “flagrante violação das leis e normas internacionais”.

Fonte: Metrópoles

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