O presidente Lula desembarca em Nova York neste domingo para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em meio a um momento particularmente tenso nas relações entre Brasil e Estados Unidos. Impasses comerciais, tarifários e políticos elevam o tom do encontro frente a frente entre o petista e Donald Trump.
A tensão entre os dois países aumentou depois que Trump instituiu tarifas sobre produtos brasileiros — em alguns casos de até 50%. Na justificativa, o presidente norte-americano citou as “violações de direitos humanos” contra Jair Bolsonaro (PL), além de acusar o Judiciário do Brasil e integrantes da gestão Lula de pressionarem plataformas digitais a executar ordens de censura contra opositores políticos.
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Em contrapartida, Lula alegou que o republicano “cometeu uma insensatez com o Brasil, porque somos parceiros dos norte-americanos há 201 anos” e que Bolsonaro enfrentou o julgamento no Supremo Tribunal Federal “pelas mazelas que cometeu”.

Críticas recorrentes a Trump
Em outro momento, durante discurso no BRICS, o petista voltou a atacar o presidente norte-americano: “O mundo mudou, nós não queremos um imperador”. Já em um artigo no New York Times em setembro, disse que a democracia e a soberania brasileiras “não estão à venda”.
Mais recentemente, em entrevista à emissora BBC afirmou que Trump “faz mal à democracia”. Durante a conversa, Lula foi interpelado sobre se há arrependimento por ter associado Trump ao fascismo. O petista não deu uma resposta objetiva e limitou-se a dizer que o comportamento do norte-americano “é muito ruim para a democracia” e “tem apoiado pessoas antidemocráticas no mundo inteiro”.
A entrevista inteira é muito boa.
O repórter coloca o Lula na parede sobre a vassalagem ao Putin, sobre sua condenação por corrupção, sobre chamar Trump de fascista antes das eleições, sobre a COP 30 e hipocrisia ambiental…
E ele, claro, mente descaradamente em cada resposta. https://t.co/exFouUpfcO pic.twitter.com/DZEEos97Ro
— Henrique Zperzandi (@Zperzandi) September 18, 2025
Visto e comitiva
Embora Lula já tenha obtido o visto para entrar nos Estados Unidos, há dúvidas quanto à liberação completa dos vistos dos membros de sua comitiva. O governo brasileiro levou o assunto à instância que lida com relações internacionais no país anfitrião, alegando atraso ou barreiras burocráticas que teriam sido motivadas por tensões políticas.
Desta vez, a comitiva do petista deve ser reduzida para evitar problemas e desconfortos diplomáticos. Nenhum parlamentar foi incluído no grupo. Em viagens passadas, o presidente costumava convidar deputados e senadores, sob o argumento de que eles poderiam fortalecer relações políticas e promover diálogos mais aprofundados durante a estada internacional.
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Inicialmente, estavam confirmados na comitiva os ministros ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e a presidente do Banco do Brasil, Tarciana de Medeiros.
Procurada por Oeste neste domingo, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto não soube informar a quantidade ou os integrantes da comitiva de Lula para a Assembleia Geral da ONU. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
Agenda nos EUA
Lula desembarca no fim da tarde deste domingo, por volta das 17h45, em Nova York. Não há compromissos oficiais. O petista deve se encontrar com a primeira-dama Janja, que já está nos Estados Unidos desde o início da semana.


O petista será o primeiro país a discursar no Debate Geral da ONU, na próxima terça-feira, 23. Ele falará depois do secretário-geral da ONU e da presidente da 80ª Assembleia Geral. Segundo o governo brasileiro, o discurso do petista deve reforçar temas centrais da sua política externa: soberania nacional, multilateralismo, combate à fome e às mudanças climáticas.
Principais compromissos de Lula em Nova York:
- Discurso de abertura da ONU — tradição brasileira, Lula será o primeiro a falar no Debate Geral;
- Reuniões bilaterais — encontros com chefes de Estado e chanceleres, com foco em comércio, clima e segurança alimentar;
- Fóruns temáticos — participação em debates sobre mudanças climáticas, combate à fome e igualdade social; e
- Agenda com ministros — estará acompanhado de Mauro Vieirae outros auxiliares para rodadas de negociação.
Fonte: Revista Oeste
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