A Comissão Europeia apresentou, nesta quarta-feira (3/9), ao Conselho da União Europeia as propostas finais para assinatura do Acordo de Parceria UE-Mercosul e do Acordo Global Modernizado UE-México. As negociações, que se arrastaram por mais de duas décadas no caso do Mercosul, foram concluídas em dezembro de 2024 e agora entram na fase decisiva de aprovação política.
Segundo a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, os dois tratados representam “marcos importantes para o futuro econômico da UE” ao diversificar mercados, fortalecer cadeias de abastecimento e criar oportunidades de negócios.
Estimativas oficiais apontam que apenas o acordo com o Mercosul pode elevar as exportações anuais europeias em até 39%, o equivalente a € 49 bilhões, gerando mais de 440 mil empregos.
Pacto entre UE e Mercosul
Caso seja ratificado, o pacto entre União Europeia, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai criará a maior zona de livre comércio do planeta, atingindo mais de 700 milhões de consumidores.
As tarifas de exportação de setores como automóveis, máquinas, farmacêuticos e produtos agroalimentares — hoje, consideradas proibitivas — serão gradualmente eliminadas. Para proteger os agricultores europeus, o texto prevê limites às importações de carne e aves, além de salvaguardas contra aumentos bruscos de entrada de produtos do Mercosul.
No caso do México, o novo acordo moderniza a parceria iniciada em 2000 e abre espaço para maior competitividade europeia em setores agroalimentares, removendo tarifas que chegavam a 100% sobre alguns produtos. Também garante acesso a matérias-primas estratégicas, como fluorita e antimônio, além de ampliar a proteção de indicações geográficas para 568 itens tradicionais da UE.
Apesar do otimismo de Bruxelas, países como a França mantêm resistência ao acordo com o Mercosul, alegando riscos para a pecuária e o setor de biocombustíveis.
O governo europeu, contudo, afirma que oferecerá garantias adicionais para proteger o setor agrícola.
Os próximos passos incluem a aprovação pelos Estados-membros da UE, pelo Parlamento Europeu e pelos congressos nacionais dos países do Mercosul. A expectativa é de que o tratado entre em vigor ainda em 2025, durante a presidência rotativa do mandatário brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no bloco sul-americano.
O vice-presidente do Brasil, e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, comemorou o avanço das negociações em uma publicação no X.
“Acordo União Europeia e Mercosul avança! A Comissão Europeia apresentou hoje o texto final do Acordo Mercosul-União Europeia. Mais um passo decisivo para nossa integração, aumentando o comércio, os investimentos e os empregos em nossas regiões”, escreveu.
Acordo União Europeia 🇪🇺 e Mercosul avança! 🇧🇷 🇦🇷 🇵🇾 🇺🇾 🇧🇴
A Comissão Europeia apresentou hoje o texto final do Acordo Mercosul-União Europeia. Mais um passo decisivo para nossa integração, aumentando o comércio, os investimentos e os emprego em nossas regiões! pic.twitter.com/i70vtZKyYB
— Geraldo Alckmin 🇧🇷 (@geraldoalckmin) September 3, 2025
Tarifas de Trump à UE
Com a pressão das tarifas impostas pelo governo norte-americano sobre produtos europeus, Bruxelas deve apostar na rápida ratificação para consolidar sua posição como maior bloco comercial do mundo e reduzir a dependência de mercados considerados menos previsíveis.
No fim de agosto, EUA e União Europeia fecharam um acordo comercial que prevê tarifa de 15% sobre a maioria das importações europeias, incluindo carros, fármacos e semicondutores.
Em contrapartida, Bruxelas se comprometeu a eliminar tarifas sobre produtos industriais dos EUA e ampliar o acesso a itens agrícolas e frutos do mar norte-americanos. Washington, por sua vez, reduzirá as atuais tarifas de 27,5% sobre automóveis e peças europeias, condicionado à aprovação da legislação prometida pela UE.
Fonte: Metrópoles
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