O advogado Eumar Novacki, que defende o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, afirmou nesta terça-feira, 2, que a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) não apresenta provas que liguem seu cliente ao planejamento de um suposto golpe de Estado ou aos ataques de 8 de janeiro de 2023.
Novacki fez a sustentação oral no primeiro dia de julgamento do chamado “núcleo crucial” da suposta tentativa de golpe, que inclui Anderson Torres, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros seis réus.
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Segundo a denúncia, o ex-ministro teria participado das articulações e colaborado com uma organização criminosa. Em sua casa, a Polícia Federal encontrou uma suposta minuta de um decreto de Estado de defesa, indicada pela PGR como indício de conspiração.
“A peça acusatória vem recheada de afirmações e ilações sem provas”, disse o advogado. “Em relação a Anderson Torres, toda a tese acusatória é um ponto fora da curva”.
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“Nem a PF nem o Ministério Público estavam interessados naquele momento na verdade”, declarou Novacki. “Toda a narrativa do MP em relação a Torres parte da premissa de que ele teria conspirado, participado de uma macabra trama golpista, deliberadamente se ausentado do DF. Mas isso não caminha com a verdade.”
Frase em reunião
Ao rebater trechos citados pelo Ministério Público, Novacki destacou a frase usada pela acusação como indício de “espírito golpista”: “Não se sustenta a tese que ele teria usado aquele momento para ilações contra o sistema eleitoral”.
“O Ministério Público Federal traz uma frase para mostrar o espírito golpista do acusado”, argumentou. “Seria a mesma frase que a defesa usaria em sua defesa: ‘Depois que der m…, não muda nada não’.”
De acordo com o advogado, a fala de Torres foi mal interpretada. “Dizer que esta frase tem espírito golpista é zombar da inteligência de quem está ouvindo”, acrescentou.
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Novacki também explicou que a viagem de Torres para os Estados Unidos, feita dias antes dos ataques de 8 de janeiro, foi uma programação de férias com a família, organizada em novembro de 2022. A defesa apresentou documentos e depoimentos confirmando que o então governador do DF, Ibaneis Rocha, tinha conhecimento prévio do afastamento.


Crimes imputados a Anderson Torres
Anderson Torres responde pelos seguintes crimes:
- Organização criminosa armada;
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Tentativa de golpe de Estado;
- Dano qualificado contra o patrimônio da União; e
- Deterioração de patrimônio tombado.
Para a defesa, no entanto, não há elementos que sustentem as acusações. “Precisamos sempre agir com a verdade. As causas passam, mas a nossa história fica”, concluiu Novacki, pedindo a absolvição de Torres.
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Fonte: Revista Oeste
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