Rússia oferece até R$ 182 mil para cidadãos lutarem guerras na África

Mesmo com uma guerra no próprio quintal, a Rússia não abandonou os esforços para fincar bandeira na África, e expandir sua presença militar no continente. Por isso, o governo de Vladimir Putin mantém uma campanha constante de recrutamento de russos dispostos a participar de combates em solo africano pelo Africa Corps — uma repaginação do antigo Grupo Wagner.


O que é o Africa Corps?

  • A história do Africa Corps se encontra com o do extinto Grupo Wagner, organização militar privada de mercenários fundada por Yevgeny Prigozhin.
  • Apesar de o Kremlin nunca ter admitido o financiamento aos mercenários do Wagner, o exército privado serviu aos interesses da Rússia em diversas regiões do mundo, como nas guerras da Síria e Ucrânia, e em países da África.
  • Tudo mudou em 2023, quando mercenários do Grupo Wagner protagonizaram uma rebelião contra o governo russo em meio ao conflito no Leste Europeu.
  • A tentativa de motim durou poucos dias. Após negociações mediadas pelo presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, Prigozhin retirou seus homens de uma cidade russa que havia ocupado nas proximidades de Moscou.
  • Exatamente dois depois da rebelião, Yevgeny Prigozhin morreu em um acidente aéreo na Rússia, cujas circunstâncias ainda não foram totalmente esclarecidas.
  • Com a morte do fundador, um vácuo de liderança atingiu a organização paramilitar. Como solução, o governo da Rússia decidiu criar o Africa Corps, e integrar os mercenários do Wagner no novo grupo.
  • Atualmente, a organização é vinculada diretamente ao Ministério da Defesa da Rússia. Na prática, os mercenários (soldados de um grupo paramilitar privado) são agora membros oficiais do aparato estatal russo.

Os contratos são assinados com o Ministério da Defesa da Rússia, que controla o agrupamento desde que o mesmo foi fundado, em 2023. Os valores por trabalhos de um ano variam entre 1,1 milhão de rublos a 2,7 milhões (algo em torno de R$ 74 mil a R$ 182 mil). Segundo o site de recrutamento, as missões visam “garantir a segurança dos interesses militares e econômicos” russos na África.

Além disso, soldados do Africa Corps recebem bonificações de 400 mil rublos, ou R$ 27 mil, ao saírem em uma missão de combate. As vagas oferecidas vão desde motoristas, instrutores militares e tradutores, até especialistas em guerra eletrônica, defesa área e drones.

 

Vácuo de poder

Depois de uma série de golpes de Estado na África, especialmente em países localizados na região do Sahel, a atuação militar da Rússia no continente se expandiu.

Antes com os mercenários do Grupo Wagner, e atualmente por meio do Africa Corps, o governo de Vladimir Putin aproveitou as mudanças regionais para assumir o vácuo de poder deixado em países como Mali, Níger e Burkina Faso.

Recentemente, governos nos três países foram derrubados por militares, que viraram as costas para a cooperação histórica mantida com o Ocidente — em especial a antiga colônia da França.

A principal justificativa para os golpes foi a falta de esforços para conter a instabilidade regional. Cenário provocado, principalmente, pelo aumento das atividades de grupos terroristas que migraram do Oriente Médio para a África, como os Estado Islâmico (ISIS).

Com juntas militares no poder, tropas estrangeiras dos Estados Unidos e França foram expulsas dos três países, assim como de outras nações africanas. Ao mesmo tempo, a Rússia passou a ser vista como uma alternativa para o fortalecimento da segurança regional.

Como alternativa, as nações africanas buscaram uma maior aproximação com a Rússia, que antes já estava presente no continente africano através do Grupo Wagner — atual Africa Corps.

Burkina Faso foi o primeiro nação africana a receber os combatentes do Africa Corps, em janeiro de 2024. Atualmente, o grupo de ex-mercenários russos também está presente — ao menos de forma oficial — no Mali e Níger, que também enfrentam problemas relacionados ao terrorismo.

A promessa de garantir a segurança da África foi renovada pela Rússia em 14 de agosto deste ano, durante visita do ministro da Defesa russo, Andrey Belousov, ao continente.

Em solo africano, ele se reuniu com os ministros da Defesa do Mali, Níger e Burkina Faso e assinou uma série de memorandos de entendimento e cooperação com seus homólogos.

Em 14 de agosto deste ano, a Rússia renovou as promessas de garantir a segurança da África. Em uma viagem ao continente, o ministro da Defesa russo, Andrey Belousov, assinou uma série de memorandos de entendimentos com com seus homólogos.

ele esteve no continente africano, onde se reuniu com ministros da Defesa do Mali, Níger e Burkina Faso. No encontro, memorando de entendimentos foram assinados pelas autoridades dos quatro países. O objetivo, nas palavras de Belousov, é continuar garantindo a “assistência abrangente para garantir a estabilidade da região”.

Fonte: Metrópoles

Veja mais

Do mesmo autor

+ There are no comments

Add yours