Após Nobel da Paz a Corína, Maduro fecha embaixada na Noruega

O governo de Nicolás Maduro anunciou, nesta segunda-feira (13/10), o fechamento da embaixada da Venezuela em Olso, na Noruega, alegando “reestruturação” no serviço exterior do país. A decisão ocorre três dias após a opositora María Corina Machado — considerada uma das principais vozes da oposição democrática ao regime venezuelano — ser premiada com o Nobel da Paz de 2025.

Em comunicado divulgado pelo chanceler venezuelano, Yván Gil, Caracas afirmou que “o objetivo central desta reorganização é otimizar os recursos do Estado”, além de redefinir a presença diplomática venezuelana “para fortalecer as alianças com o Sul Global”.

“Como parte da redesignação estratégica de recursos, determinou-se o fechamento das embaixadas no Reino da Noruega e na Austrália. As relações bilaterais e o atendimento consular nestes países serão levados a cabo de maneira eficiente através de missões diplomáticas cumulativas”, informa trecho do texto oficial.

Além de encerrar as representações diplomáticas na Noruega e na Austrália, a chancelaria anunciou a abertura de instalações consulares no Zimbábue e em Burkina Faso.

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María Corina Machado

Jesus Vargas/Getty Images

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María Corina Machado, candidata da oposição na Venezuela

Pedro Rances Mattey/Anadolu via Getty Images

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Líder da oposição Maria Corina Machado, na Venezuela

Getty Images/ Carlos Becerra

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A líder da oposição Maria Corina Machado levanta a mão do candidato da oposição Edmundo González durante uma entrevista coletiva um dia após a eleição presidencial de 29 de julho de 2024 em Caracas, Venezuela

Marcelo Perez del Carpio/Getty Images

O comunicado não faz menção à premiação da líder opositora, anunciada na última sexta-feira (10/10) pelo comitê norueguês do Nobel da Paz. Desde então, os principais líderes chavistas não comentaram sobre o tema.

No domingo (12/10), durante discurso em celebração ao Dia da Resistência Indígena, Maduro se pronunciou indiretamente sobre o assunto, sem citar o nome de María Corina, e a chamou de “bruxa demoníaca”.

“Noventa por cento da população rejeita a bruxa demoníaca de La Sayona”, declarou o presidente.

“La Sayona” é uma personagem de terror de uma lenda popular latino-americana.

O Ministério das Relações Exteriores da Noruega confirmou a medida venezuelana. “Recebemos informações da embaixada venezuelana nos informando sobre o fechamento, sem fornecer qualquer justificativa. Embora tenhamos opiniões diferentes sobre vários assuntos, a Noruega deseja manter um diálogo aberto com a Venezuela e trabalhará para isso”, afirmou Cecilie Roang, porta-voz da pasta.

Política venezuelana recebe prêmio

A líder da oposição recebeu o Nobel da Paz por “seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”, segundo a organização do Nobel.

Ainda de acordo com o Comitê, Corina Machado tem sido figura-chave e unificadora em uma oposição política que antes estava profundamente dividida — oposição que encontrou ponto comum na demanda por eleições livres e governo representativo.

Impedida pela Justiça venezuelana de disputar as eleições presidenciais de 2024, a opositora vive escondida desde o pleito, que terminou com a reeleição do presidente em meio a denúncias de fraude e falta de transparência.

Governo norte-americano contesta resultado

Além das alfinetadas indiretas e discursos de ódio de Maduro, a gestão do presidente norte-americano, Donald Trump, se manifestou insatisfeita com o resultado do Nobel deste ano.

Trump, que havia sido um dos indicados após mediar um cessar-fogo em Gaza, não foi agraciado.

Por meio da rede social X, o diretor de Comunicação da Casa Branca, Steve Chueng, afirmou que “o comitê do Nobel provou que coloca a política acima da paz”.

Apesar disso, María Corina mencionou Trump em seu discurso de agradecimento. Ela destacou que foi o republicano quem “ordenou o envio de navios e caças ao Caribe para combater o narcotráfico”.

Fonte: Metrópoles

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